quinta-feira, 8 de setembro de 2011

o que resta?

 Pode-se dizer que ele estava perdido. Eu disse pode-se dizer. O fato é que ele se encontrava sentado no chão de sua sala, onde tinha apenas um velho sofá e uma tv em cima de dúzias de livros que nunca chegara a ler.

Roia as unhas. Pensava e agora? o que me resta? Ele que havia lutado por muito tempo para não se fazer essa pergunta. Se negava a responder, isso o obrigaria a rever tudo em sua vida, o que tinha pensado para sua vida e o que significava tudo aquilo para ele.

Não, ele não ia responder. Ele somente deixaria as coisas fluirem, seguirem seu caminho natural, sem que ele fizesse escolhas, sem que ele tomasse posições, sem que ele protagonizasse sua própria vida. Se perguntar sobre os caminhos era reconhecer que talvez sua vida não estivesse no seu controle. Faria com que ele revisse suas crenças, seus ideais, seu sonhos...

Ele que abdicara de sua familia para viver algo extraordinário, mas tão extraordinario que manter laços estreitos com seus familiares, significaria não poder ir mais além. Ele que achava fantástico mudar o grupo de amizades, pois as pessoas o cansavam, já que em algum momento sempre demandavam mais do que ele poderia dar (ou será o contrário?).

Agora estava sentado, encostado na parede, roendo as unhas. Mas não ia chorar! Isso nunca ajudou ninguém em nada! As vezes batia com sua cabeça na parede, como se por algum milagre sua cabeça rachasse e saisse pela rachadura todos os pensamentos que o atormentavam.

Fazendo um pequeno flashback de suas últimas experiências mostrava que ele era demasiadamente inseguro. Inseguro. E por isso que ele não ousaria perguntar novamente; "o que resta?"

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