segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Julgamento, julgar, ser julgada...

Assisti na semana passada um filme bem bacana chamado 12 Homens e Uma Sentença. Enredo básico: após ouvirem a promotoria e a defesa, 12 jurados devem decidir se um jovem é culpado do assassinato de seu pai, sob pena de morte.
No começo, onze jurados afirmam que o garoto é culpado, enquanto um ainda tem dúvidas sobre sua inocência. A partir disso, esse jurado decide analisar novamente os fatos, o que significa enfrentar, não apenas as diversas interpretações para o fato, mas os valores de cada um.
Fiquei pensando muito sobre o trabalho que esse jurado teve. O mais difícil não é argumentar em cima de um fato, mas se despir de seus valores e compreender que as coisas não acontecem ou são motivadas sob nossa forma de pensar. É mais fácil classificar as pessoas de marginais, maconheiras, preguiçosas, vadias do que gastar alguns minutos pra compreender os reais motivos para que uma pessoa tenha uma ação condenável.
Todo mundo julga! todo mundo é julgado/a. Todos e todas tem atitudes que outras pessoas condenam, acham errado, se indignam! O problema, talvez, seja a consequência desse julgamento na vida de cada um: de quem julga e de quem é julgado/a.
As vezes é somente aqueles comentários do tipo "você viu o que fulano/a fez?", "que absurdo!" "eu nunca faria uma coisa dessas" e nada muda. Outras vezes, o julgamento trás muito rancor, raiva e vontade de liberarmos nosso lado mais sádico contra aquele que está sendo julgado/a. Enxerga-se apenas por um ângulo. O ângulo mais restrito, aquele olhar que tem a ver apenas com os próprios valores, a própria formação, a própria moral e, por que não dizer?, com a própria recalque. O resultado disso é tirar conclusões precipitadas e, muitas vezes, condenar alguém de forma indevida, gerando um ciclo de ódio e intolerância cada vez mais nocivos à vida cotidiana.
Não quero dizer com isso que, basta sabermos a história de vida das pessoas, para absolvê-las das coisas erradas que fazem. Pelo contrário! Muitas vezes mantemos nossa posição e nosso julgamento sobre um acontecimento. Porém, acredito que se pudéssemos (e, claro que, muitas vezes, não dá pra fazer isso no exato momento em que acontece uma ação que condenamos) nos envolvermos mais, analisar os fatos, não sentiríamos tanto rancor, ou tanto ódio que sempre nos faz tão mal.
Entender os motivos pelos quais alguém tem certa conduta que questionamos não é um exercício de bom samaritano, mais de qualquer pessoa que queira contruir uma sociedade mais saudável, menos rancorosa e livre de preconceitos.