segunda-feira, 25 de abril de 2011

à espera do retorno

Olha o relógio, vê às horas e calcula o tempo da chegada. As unhas ainda estão feitas, mas não por muito tempo. As pernas se movem, como se tivessem vida própria, como se toda a ansiedade de um ser  não coubesse em seu pequeno corpo e precisasse escapar por esse gesto que lhe é tão característico.

Ele chega e ela experimenta (mais uma vez) uma sensação inovadora, de plenitude, de agitação e tranquilidade. Sim, o mundo podia acabar agora.

Seus olhares a atravessam, como se ele pudesse ler toda sua mente, e isso a deixava envergonhada. Era tão nítido seus pensamentos como a água de um riacho!

As conversas eram poéticas, seu trabalho, suas raivas e paixões, sua piadas sem graças a conduziam para um mundo de fantasias e planos melimetricamente traçados. Sua racionalidade e suas emoções caminhavam juntas como peças de um quebra-cabeça que se completam e formam um desenho harmonioso.

O silêncio era mais poético ainda! Não havia o que dizer, só havia o olhar, que dizia tudo. Que dizia, por outras formas, que não havia falta, mas logo haveria...

Olha o relógio, vê as horas e calcula o tempo. Ela agora organiza a despedida e o fato de que vai ficar sem o olhar. A dor acompanha esse momento, assim como a sensação de não saber. Não haveria de ser diferente, já que ela rompera com o mundo, queimara seus navios...

Agora ela o vê atravessar o portão 7. Ele a olha também. não há o que dizer, somente o que já havia sido dito em outros momentos sem precisar de palavras. A dor é inevitável, e, de repente a única sensação que ela consegue ter.

Ela prefere virar-se e sair antes da partida - não poderia existir maior dor que esta! Entra em seu carro, limpa os olhos umidecidos, pensa nos olhares, nas conversas, no silêncio e sorri. Ela tinha um motivo pra viver. Ela tinha milhares de motivos pra viver! Ela agora sai do estacionamento, pensa nas tarefas da semana e caminha em frente pra sentir saudade...

2 comentários:

  1. a cada passo uma saudade.
    e, eita, saudade assim dói, né?
    beijo, linda!!!

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  2. "rompi com o mundo, queimei meus navios, me diz pra onde é que ainda posso ir..." (o trajeto do portao 7 ao carro já é um trajeto corajoso! - caminhar pra sentir saudade)

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